quinta-feira, 11 de abril de 2013

Olhos vermelhos

O ano é 1870, eu tinha apensa 12 anos e morava com minha mãe, já que meu pai morreu em um acidente de carro quando eu tinha 3 anos. Em um feriado fomos visitar minha vó que morava em uma cidadezinha no interior daquela em que as casas são bem afastadas umas das outras. A casa dela era bem antiga, pertenceu a fazendeiros que residiam naquela área e havia servido de cemitério para muitos prisioneiros mau pagadores, invasores e escravos daquela época. Fiquei sabendo disso só depois de algum tempo. A casa dela sempre me deu arrepios quando ficava sozinha em algum cômodo, parecia que a casa estava abandonada às vezes. Nesse dia em que fui visitá-la, elas foram à casa de um vizinho , que ficava a uns 2,5 km dali. Não gostei muito da ideia, mas tive que ficar sozinha na casa por um tempo. Devia ser mais ou menos umas 5 da tarde quando elas saíram, e como naquela época ainda não existia luz elétrica, preferi esperar por elas no quintal da casa. Fiquei lá uns 10 minutos brincando com o cachorro depois entrei em casa para beber um pouco de água. Fui até a cozinha com a lamparina, peguei um copo e o enchi de água. Comecei a tomar. Ouvi um barulho, parecia alguém andando atrás de mim. Olhei e nada estava lá. Voltei a tomar. Escuto meu nome da andar cima e alguém subindo as escadas. Parecia uma mulher, mas não tinha ouvido minha mãe e minha vó chegarem. Respondi de volta : "Me chamou?". Esperei uns 5 segundos e nada. Mais um pouco e ouvi minha resposta: "Sim! Venha aqui!". Desta vez meu coração disparou, a voz havia mudado, estava mais nítida, porém parecia sussurrar. Comecei a ir em direção às escadas e vi na janela da cozinha alguém correndo em volta da casa. Corria tão rápido que parecia até que era mais de uma pessoa. Desesperada corri para o andar de cima e entrei no meu quarto. Fiquei lá uns 5 minutos sentada de olhos fechados segurando a lamparina. Não ouvi mais nada. Abri os olhos devagar e olhei à minha volta e não havia nada de diferente. Mas aquilo não podia ser coisa da minha cabeça. Esperei mais um pouco e ouvi um grito tão alto a ponto de doer os ouvidos. Senti meu coração na garganta. A porta do quarto ao lado começou a ranger e depois percebi que ela estava sendo arranhada. Fiquei paralisada por um tempo. O ruído parou. Caminhei até a porta de onde vinha o ruído aproximei a lamparina e olhei na fechadura. Aquilo já estava lá desde quando minha mãe saiu. Me observava. Um olho com a iris vermelha me vigiava. Dei um grito, a lamparina caiu da minha mão e eu desmaiei. Acordei com minha mãe e minha vó me segurando e minha cabeça doía muito. Contei a elas tudo o que havia acontecido comigo minha vó me contou a história da casa e de quem havia morado nela. Ela me disse que aquilo assombra as pessoas da família e as fazem ficar loucas. Hoje, envelheci e as pessoas acham que eu sou louca. Vivo em um hospício da minha cidade e aquilo anda atrás de mim o dia inteiro.

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